quarta-feira, 30 de março de 2016

Contra o golpe e contra a política do governo Dilma!



Contra o golpe e contra a política do governo Dilma!

Entendam, eu não defendo o governo Dilma. Ele é indefensável até sobre os aspectos mais básicos, venal, dissimulado e descompromissado com a classe trabalhadora. Mas isso não quer dizer que eu quero um presidente do PMDB, partido que muitos de seus quadros atuais, herdados da ARENA, estão no poder desde 1964.

Reconhecer que o PT não é de esquerda e que a proposta de conciliação de classes apresentada pelo “Lulismo” é uma falácia, é compreender a realidade dentro de uma concepção classista, fazendo a partir daí uma análise crítica da conjuntura.

Ser contra o Golpe da direita não é esquecer as traições sistemáticas dos governos do PT e aliados (PMDB, PP, PR, PSD, PCdoB, PSB, PDT etc), como a reforma da previdência comprada pelo Mensalão, as privatizações, a criminalização de movimentos sociais, a burocratização de sindicatos entre tantas outras.

Opor-me ao Golpe é acima de tudo ser coerente pois posso ser contra as políticas do governo e, mesmo assim, preferir que se mantenha a regularidade da democracia burguesa que foi conquista pelo esforço e sangue de tantos militantes valorosos das mais diversas organizações de esquerda!

Eu poderia dizer “Fora Todos, Ninguém Me Representa”... e sim, isso seria verdade! Nem este governo de direita nem os golpistas ainda mais à direita me representam. “Oponho-me a todos e por isso quero que todos saiam, e quero agora!” como fazem certos esquerdistas tomados pela paixão.
Felizmente eu não sou Don Quixote para lutar contra moinhos de vento. O pouco conhecimento que tenho me permite (e a todos com bom senso) concluir sem sombra de dúvidas que o Fora Todos é, para efeitos práticos, o “Fora Dilma” e “Viva Temer Presidente”.

A correlação de forças tendente a direita não abre espaço para um governo dos trabalhadores neste momento, por mais desejável que seja. Afirmar o contrário é se deixar levar pela paixão e pelo sonho utopista, pondo de lado a racionalidade e o materialismo histórico, o que não farei!

A outra opção, a de “Eleições Gerais Antecipadas” de nada servem a esquerda também, pois não nos construímos como um projeto alternativo, com uma proposta sólida o suficiente para envolver a grande massa de trabalhadores indignados com a situação nacional. Não fomos capazes de compreender o movimento de 2013 e não seremos capazes de nos articular para uma eleição em outubro, em menos de 6 meses, que levaria, na falta de outra opção, mais um presidente de direita ao poder, com o apoio da mesma camarilha que apoiava o governo atual.

E sim, é um Golpe, pois não se pode afirmar que uma prática reiterada, tida como aceitável por todos de repente é proibida. O objetivo da derrubada do governo não é o declarado pela oposição da direita, pelo contrário, é garantir a impunidade, a corrupção, a entrega do patrimônio publico e a patrimonialização do Estado e contra isso sempre me oporei.

Saudações socialistas!
Golpistas não passarão!

E viva a Unidade Popular pelo Socialismo!

Raul B. Pedreira

SOBRE O SECTARISMO E O ESQUERDISMO

O sectarismo e o esquerdismo são para mim essencialmente contrarrevolucionários e só se prestam a atender os interesses do capitalismo transnacional, decorrendo hora do oportunismo e hora da falta de convicção, o levando a repudiar qualquer elemento que destoe de seus argumentos.

Tal paixão exacerbada pelos próprios argumentos não é materialista nem dialética, é, na verdade, infantil, como uma criança que não aceita dividir o brinquedo.

Alguns setores não percebem (ou preferem não perceber) que não se ganha uma guerra combatendo potenciais aliados, mas sim combatendo o verdadeiro inimigo que no caso é o próprio capitalismo, de todas os matizes, considerando para isso as condições objetivas da conjuntura no qual se inserem.

Infelizmente parece que alguns setores não acreditam de fato no comunismo/socialismo como um projeto a ser buscado para a humanidade, mas sim como uma desculpa. Querem uma bandeira para recrutar outros sectários e criar um clubinho particular que não levará a nada, com base no ataque a outras organizações.

Vejam, é normal ter críticas construtivas, as quais são fundamentais para o aperfeiçoamento e o processo constante de crítica e autocritica, mas o esquerdismo infantil e infeliz só atende aos interesses da grande burguesia transnacional ao dividir ainda mais a luta dos trabalhadores.

Criam muros ao redor de suas “organizações” para separá-los dos demais e jamais terão capacidade e articulação para derrubar o capitalismo. Todavia, a partir da crítica a tudo e a todos, terão a satisfação pessoal de serem “mais revolucionários” do que os demais sem jamais que se arriscar a fazer uma revolução.

Qual o caminho? Por as pequenas diferenças que nos separam de lado e pensar de forma objetiva nos interesses comuns da classe trabalhadora na busca pelo socialismo.

Saudações Socialistas,



Raul

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

As eleições e o discurso do ódio

Sinto a necessidade de desabafar, pois me parece que voltaram a acender as fogueiras da inquisição para queimar as bruxas e os pagãos...

Os derrotados estão vindo aos prantos, com os corações cheios de mágoa e se valem de sofismas ao afirmar que a eleição foi definida pela Bolsa Família, pois ambos os candidatos prometiam não só mantê-la, mas até amplia-la. Afirmam covardemente que o voto desses brasileiros não deveria valer pois recebem esta Bolsa.

Ofendem os brasileiros mais carentes por receber auxilio do governo para sua subsistência e em sua arrogância autocentrada querem arrancar desses a sua cidadania, mas nada falam sobre as universidades que cursaram, os mestrados e doutorados pagos com o dinheiro de todo o povo brasileiro.

Falam isso pois não conhecem o Brasil, não conhecem o Nordeste. A Bolsa Família, diferente do que seu preconceito acredita, não "escravizou a vontade" desses brasileiros, mas sim os libertou da industria da seca, dos coronéis, do voto de cabresto. Estes falsos democratas gostavam dos tempos nos quais o Nordeste votava naquilo que os velhos coronéis mandavam. Coronéis que apoiaram a ditadura, apoiaram o atraso do Brasil, que votavam na direita, no PSDB, vendendo o voto por 1kg de farinha ou 1 litro de água salobra.

A Bolsa Família trouxe a libertação desses brasileiros, pois graças a ela surgiram milhares, milhões de cisternas para coletar a água da chuva, para matar a sede e irrigar os campos. Quebrou o poder dos Coronéis reacionários, que tinham em suas terras açudes construídos com o dinheiro público, coisa comum na Ditadura Militar, e que controlavam a população com o monopólio da água. Tanto isso é verdade que os efeitos de 2 anos de seca no nordeste foram sim sentidos, mas não trouxeram o êxodo e a desperança típicos do passado, pois agora eles tinham água! E sim, apesar dos velhos coronéis estarem com o PSDB e o DEM, eles foram fragorosamente derrotados.

Mais do que isso, aonde a economia era movida a trocas de subsistência, surgiram lojas, comércio, empregos e renda, fazendo crescer o Brasil. Antigas e precárias casas de pau a pique deram espaço a casas de alvenaria, jegues foram substituídos por motos e carros, o salário mínimo que não era pago a ninguém passou a ser regra e sim, isso é bom para o Brasil como um todo.

Assim como Dilma ganhou no Norte e Nordeste, ela ganhou aqui no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, pois a maioria do povo desses estados entendeu que não basta ter riqueza apenas para uma pequena elite, mas sim para todo o povo brasileiro em cada lugar do Brasil, pois somos um só país, por mais que os arautos do ódio digam o contrário.

Não, não foi minha primeira escolha, eu votei Luciana Genro no primeiro turno, mas agora optei pelo mal menor e contra o retrocesso.

Então, por favor, conheçam o Brasil antes de destilar seu veneno, de cuspir seu preconceito, aceitem a derrota que o povo brasileiro lhes impôs como manda a democracia.

Abraços a todos.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Maravilhas da Fauna Brasileira: O Tucanalha

O Tucanalha é uma ave exógena a fauna brasileira, oriunda de Washington, EUA, com penas das cores azul e amarela. Aclimatou-se muito bem no Brasil e, durante anos, se reproduziu livremente. Predadora voraz, consumia tudo que podia encontrar pelo caminho, buscando acumular o máximo possível de gorduras em sua poupança.

Ainda que possa ser encontrado em todo território nacional, tem suas áreas principais de caça em São Paulo e Minas Gerais, apesar de migrar habitualmente ao Rio de Janeiro para descansar em luxuosos ninhos.
Pode ser visto em constante disputa por áreas de caça com outra ave, o Pelicano Trairá, de cor amarela e vermelha, esta, meio desbotada. Com seu grande papo tenta comer de tudo um pouco e que hoje domina o território brasileiro.

Ambas tem muitas semelhanças em seus hábitos de alimentação e caça, apesar das penas serem diferentes muitos acreditam terem descendência de uma mesma ave, a águia careca norte-americana, para a qual demonstram atitude usualmente servil e teve o parentesco comprovado por exames de DNA.

Sérgio Macaco, o homem que disse não!

Raul Bittencourt Pedreira


O dia 12 de junho de 1968 é marcado por um ato de coragem negligenciado pela história do Brasil, pois neste dia o capitão paraquedista Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, mais conhecido como PARA-SAR, disse não a hierarquia cega e sim a coragem.
Sérgio Macaco, como era conhecido, foi convocado para uma reunião no gabinete do ministro da Aeronáutica, aonde foi recebido pelos brigadeiros Hipólito da Costa e João Paulo Burnier, este, implicado na tortura e assassinato do professor Anísio Teixeira.
Os ‘ilustres’ brigadeiros tinham um plano para fortalecer a ditadura militar e justificar o aumento da repressão aos movimentos populares e a perseguição a democratas, socialistas e comunistas.
A ideia dos comandantes militares era simples, os homens do PARA-SAR deveriam espalhar bombas pela cidade do Rio de Janeiro, como na porta da Sears, do Citibank e da embaixada americana causando mortes e incutindo o terror na população.O golpe final do espetáculo midiático de sangue e dor seria desferido com a destruição simultânea da Represa de Ribeirão das Lajes e do Gasômetro de São Cristovão, na região portuária do Rio de Janeiro.
Os carniceiros de alto escalão queriam que o capitão Sérgio, após espalhar as bombas, ficasse com sua equipe no Campo dos Afonsos aguardando o clarão das explosões. Aí ele decolaria de helicóptero para atender as vítimas no local da tragédia, contando com a ampla cobertura da imprensa pró-ditadura.
Sérgio Macaco receberia em seu peito uma quinta medalha, temperada com o sangue de brasileiros inocentes, enquanto os ditadores, em seu espetáculo midiático jogariam a culpa pelas mortes nos militantes comunistas e em organizações de esquerda. Muitos obedeceriam sem pestanejar, refugiando-se na obediência à hierarquia militar, mas não ele.
Ele, chamado de "Nambiguá caraíba" (homem branco amigo) pelos índios e admirado por indianistas como os irmãos Vilas-Boas e o médico Noel Nutels, com seis mil horas de voo e 900 saltos em missões humanitárias, de resgate e socorro em geral, jamais poderia dizer sim ao morticínio covarde planejado por seus superiores, respondendo-lhes que “O que torna uma missão legal e moral não é a presença de dois oficiais-generais à frente dela, o que a torna legal é a natureza da missão.
A recusa ao assassínio e a posterior denúncia do coluio ao brigadeiro Délio Jardim de Mattos, acabaria lhe custando caro, foi transferido para Recife, reformado, cassado pelo A-5, preso ficou e até chamado de louco pela Rede Globo que repetia as mentiras oficiais, ele foi.
Recusou a anistia pois dizia que "Anistia-se a quem cometeu alguma falta" e que "Não posso ser anistiado pelo crime que evitei", claro, criminosos eram sim os seus comandantes. Na década de 90 o Supremo Tribunal Federal determinou a sua promoção a brigadeiro e o pagamento de uma indenização proporcional ao posto que teria alcançado. Morreu de câncer aos 63 anos, sem a devida retratação do governo brasileiro, pois o então presidente Itamar Franco protelou a decisão até depois de sua morte.
Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho é mais um herói brasileiro negligenciado pela história. Teve a coragem de dizer não a brutalidade cega da ditadura militar, que buscava a todo custo justificar seus abusos e a culpar os ideais comunistas de libertação pelos atos de terrorismo de estado dos próprios golpistas. O ódio irracional ao comunismo e a liberdade era tão grande por parte da cúpula da ditadura que cometeriam qualquer carnificina contra o povo brasileiro para justificar suas ações.
O dia 04 de fevereiro marca 20 anos da morte do Capitão Macaco, no mesmo ano que o golpe militar fará outros 50. A sua história de coragem e a do plano terrorista covarde de seus superiores deve ser lembrado por todos, em especial por aqueles que sussurram mentiras nas ruas e nos quarteis, saudosos da ditadura que lhes engordou os bolsos.



Bibliografia:
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2008/06/422312.shtml

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Serviço Público Federal: o futuro é sombrio, mas existe uma saída.



Os próximos anos serão muito difíceis para os Servidores Públicos Federais, principalmente a luz das candidaturas a presidente da república colocadas até o momento. O governo Dilma apostando no superávit primário e no favorecimento aos grandes grupos financeiros transnacionais praticou um perverso achatamento salarial, jogando por terra as pequenas conquistas que tivemos nos governos Lula.

Para piorar ainda mais as nossas perspectivas, os outros nomes postos como possíveis candidatos, consideram o atual governo “tímido” em sua tunga, defendendo que mais recursos públicos deveriam ser destinados aos bancos e especuladores, através da ampliação do superávit primário (recursos orçamentários para o pagamento de juros) que já alcança quase 45% da arrecadação federal.

Aécio Neves do PSDB já declarou diversas vezes (assim como já fez José Serra, seu colega de partido) que a máquina pública está inchada e que o governo precisa ficar mais “leve”. Como sempre o “peso” do Estado não é atribuído aos cargos comissionados que são presenteados aos apadrinhados políticos, mas sim a nós servidores de carreira.

A dupla Eduardo Campos e Marina Silva (ou será o contrário) do PSB, também desfiam um rosário de maledicências voltadas aos servidores, defendendo o arrocho salarial como forma de liberar recursos para, como sempre, privilegiar o sistema financeiro, nem que para isso tenham que demitir aonde for possível.

Assim, o futuro é tenebroso para os trabalhadores do setor público, seja com o governo atual ou com seus principais concorrentes, pois nenhum deles nos enxerga como cidadãos, mas apenas como simples ferramentas que podem ser usadas e descartadas a seu bel prazer.

Qual a solução?

Podemos nos ajoelhar e torcer pelo melhor, mas não creio que isso não bastará…

A única saída realista é a organização dos servidores, fortalecendo as entidades representativas e a construção de greves, operações-padrão e passeatas, pois são os mecanismos de luta que estão nas mãos dos trabalhadores, para fazer com que o reclame coletivo se faça ouvir, pois se permanecermos inertes correremos o risco de enfrentar mais anos de congelamento salarial, demissões e  todo o tipo de abuso.

E você, o que prefere? Sofrer sozinho e calado ou se organizar e lutar por seus direitos?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O que será a “democracia” para Sérgio Cabral e Eduardo Paes?



Foto de Raul Bittencourt Pedreira - Cinelândia - 30/09/2013

A greve dos professores das redes públicas do Rio de Janeiro vêm se arrastando a alguns meses e a cada dia a solução fica mais longe. Os noticiário dão conta, com grande parcialidade pró-governo, que as negociações estariam sendo dificultadas por agendas externas a educação e que a prefeitura do Rio haveria cedido e oferecido um plano de cargos e salários novo, rejeitado pela maioria esmagadora da categoria. A prefeitura também faz sua parte, aumentando os gastos com propagando e liberando mais recursos para a Fundação Roberto Marinho.

Apenas no período da greve, conforme informações disponíveis no Portal da Transparência da Prefeitura, cerca de R$ 400.000,00 e R$ 600.000,00 foram destinados, respectivamente, para os jornais O Dia e O Globo sob pretexto de propaganda das “realizações” do governo Paes. A que realizações se refere? A destruição da educação?

A criação de um novo plano de cargos e salários é uma das principais bandeiras dos professores cariocas e após diversas reuniões com o prefeito Eduardo Paes (PMDB), ficou acordado que seria criada uma comissão paritária para redigi-lo. Mas não foi isso que acabou por acontecer… a Secretaria Municipal de Educação, criou um Plano novo, sem a participadão dos professores, que o consideram ainda pior do que o então em vigor, o que provocou a ocupação da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro pelos profissionais da Educação.

Enquanto isso, a Secretária Municipal de Educação, Claudia Costin, administradora e sem experiência na área da educação, conhecida como uma das algozes dos servidores públicos e entusiasta das própostas de Bresser Pereira no governo FHC, quando estava a frente do Ministério da Destruição do Estado, digo, da Administração e Reforma do Estado, afirma que os professores estão com “má-vontade em relação ao governo” e que as críticas ao “professor polivalente” (prática de colocar professores de uma disciplina dando aula de outra, ex. o de história ensinar matemática<!?>) e ao cerceamento da autonomia pedagógia, seriam infundadas..

Os educadores, todavia, pensam bem diferente da prefeitura...

Combatem a criação da figura do “professor polivalente” é uma afronta a qualquer projeto sério de educação, pois há profissional não tenha os conhecimentos necessários para lecionar História, Inglês, Matemática, Química, Geografia, Literatura, Educação Física, Português etc, ao mesmo tempo.

Condenam a política municipal de fazer das escolas públicas meras linhas de montagem, impondo de forma escamoteada a aprovação automática e fazendo com que milhares de jovens terminem o ensino médio ainda analfabetos funcionais, criando um 14º salário para as escolas com índice de reprovações próximo a zero, coagindo os professores a aprovar os alunos sob pena de perdas em seus salários já achatados.

Denúnciam a falta de isonomia no Plano de Costin e Paes, ao privilegiar os profissionais com jornada de 40h semanais criando apenas para estes uma gratificação referente a titulação de doutor e pós-doutorado, em detrimento dos que exercem 16, 22,5 ou 30 horas, de forma a inflar o artificialmente o teto remuneratório dos professores, ocultando a triste verdade de que pouquíssimo profissionais conseguirão receber o teto salarial (pós-doutorandos são raros), enquanto a maioria esmagadora continuará a sofrer com dificuldades financeiras.

Indignam-se contra as seguidas mentiras ditas pelo governo e repetidas a exaustão pela grande mídia que manter viva em suas práticas editoriais a máxima de Joseph Goebbels: “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

Mas não há mentiras que consigam manter calada para sempre a justa indignação dos trabalhadores!

Na noite do último sábado (28/09) os professores que estava acampados na Câmara dos Vereadores, a “casa do povo”, foram removidos brutalmente pela Polícia Militar, sem ordem judicial para tanto apenas um oficio do presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB), em flagrante desrespeito ao estado democrático de direito, cuspindo na lei a na constituição, a fim de permitir que a aprovação da proposta do governo para a educação..

Porém a brutalidade não calou os professores, que foram as ruas e ocuparam a Cinelândia na segunda-feira (30/09), em frente a antiga “casa do povo”, para mais uma vezes serem agredidos pela polícia do “governo” Sérgio Cabral. Foi usado tanto gás lacrimogênio e de pimenta na Cinelândia que eles podiam ser sentidos por transeuntes até na Praça XV.

O governador Sério Cabral (PMDB) utiliza o aparato policial como sua milicia pessoal em socorro a seu comparsa municipal, com uma atuação que faz lembrar as Sturmabteilung (SA) da alemanha, que atacavam, batiam e até matavam aqueles que se opunham ao partido nazista. Ele e Paes devem ter pensado que tiro, bomba e pancada bastaria para fazer com que as manifestações parassem…


E os poderosos estavam errados, a aula agora é na rua!

No dia seguinte, quando seria enfim votado o plano de cargos e salários da educação municipal, terça-feira (1/10), um número ainda maior de manifestantes acudiu as ruas. Estudantes, artistas, trabalhadores em geral se uniram aos professores, se recusando a curvar-se ante a brutalidade do Estado e a destruição da educação.

Claro que mais tiros, bomba e pancada se seguiram. Policiais entrincheirados no topo da Câmara de Vereadores disparavam bombas de balas de borracha contra a população. Prisões arbitrárias eram feitas lembrando os tempos da ditadura, armando flagrantes mesmo em frente a câmeras que transmitiam tudo ao vivo, certos da impunidade.

Advogados tiveram suas prerrogativas desrespeitadas e foram agredidos por policias que gritavam “advogado é o c#%#*&o, quem manda aqui é nóis <sic>”. Repórteres de mídias alternativas tiveram sua atividade cerceada, equipamentos danificados e foram diversas vezes atacados com tiros, gás lacrimogênio e spray de pimenta.

O papel da polícia não é servir de capanga do governo! Estado democrático é aquele no qual as leis são cumpridas pelo governo, no qual a imprensa é livre para atuar, aonde há direito de livre expressão e manifestação, no qual os governantes administram para o povo e não para seus o atendimento de seus próprios interesses.

Eles, Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Jorge Felippe, esquecem que foram eleitos para servir ao povo e não para se servirem do poder. O caráter patrimonialista deste grupo transparece nas constantes aparições desfrutando de viagens e mordomias, nos familiares virando “empreendedores de sucesso” do dia para a noite, graças a contratos com prestadores de serviços públicos e outros expedientes obscuros, garantindo-lhes a acumulação de gigantescas fortunas. E o que será a democracia para eles? Com certeza não é nada daquilo que queremos que seja!

A luta pela educação é de todos os brasileiros.

A educação pública, gratuita, laica, de qualidade e em todos os níveis é fundamental para qualquer projeto de nação, não podendo ser tratada apenas como uma simples despesa, mas sim como uma atividade fundamental do estado e um investimento no futuro do país.

A educação privada (assim como a saúde) deveria ser apenas uma opção e não uma necessidade, em razão da descaso do estado para com a escola pública, que impõem o endividamento a milhares de famílias brasileiras enquanto a verba da educação é gasta com anúncios na TV e com bombas de gás lacrimogênio.

A educação brasileira só dará um salto de qualidade quando tivermos gestores comprometidos com seu viés público e universal, com salários dignos para os professores, com condições físicas adequadas e com a redução da evasão escolar.

Democracia se constrói sim com o povo na rua, lutando por seus direitos e não o luxo dos gabinetes dos poderosos. Nasce com a consciência de que não podemos apenas ir como gado as urnas a cada dois para escolher os governantes que irão nos oprimir, mas sim que devemos ser vigilantes e atuar diuturnamente pela construção de uma nova e horizontalizada sociedade, na qual todos sejamos iguais não apenas na letra da lei, mas sim de fato.

Por isso no próximo dia 7 de outubro haverá uma nova manifestação, com concentração as 18h na Candelária, centro do Rio, em defesa da educação e contra os abusos perpetrados pelos governos Cabral e Paes e a participadão popular, repudiando a política destes governos é fundamental para a garantia da democracia no Brasil, mostrando aos poderosos que o povo não tolerará tais abusos.

Hoje a brutalidade é com os professores, e se não dermos um basta a isso agoraa, amanhã poderá ser com você! Vamos a luta!


Raul Bittencourt Pedreira
Marido, pai, militante e cidadão



Obrigado aos colegas que colaboraram com o texto fornecendo explicações sobre alguns pontos da política "educacional" da prefeitura. As informações citadas são facilmente verificadas na imprensa. O presente texto pode ser reproduzido em todo ou em parte, desde que sem finalidade econômica, sem alterações e citando a autoria. Fica expressamente vedada sua reprodução por empresas ligadas as organizações Globo, Abril ou grupo Bandeirantes.